Ser Pensante

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"Todo homem honesto deveria tornar-se filósofo, sem se vangloriar em sê-lo." Voltairé

terça-feira, 30 de junho de 2015

Sábio infantilizado



Por que criamos imagens idealizadas sobre as pessoas?

Por que nos surpreendemos negativamente, ao conhecer aquele cara que admiramos pela sabedoria, ao ver que ele não tem uma idade avançada, uma barba grande, uma voz suave e delicada, um português coloquial costumeiro, um currículo acadêmico de sucesso, uma posição de destaque na hierarquia do social?

Por que não imaginamos a sabedoria com simplicidade?

Por que um sábio não pode ter o aspecto e um jovem, que ri, que fala palavrão, que bebe uma boa cerveja, que não quer ser o dono da razão e ter a última palavra, que não vai arrebatar multidões com um tom agressivo e de total segurança em suas palavras, que pressupõe sempre a dúvida antes das certezas, que não amam a posição e o privilégio de qualquer liderança ou institucionalidade?

É porque em cada um de nós, em alguma medida, a começar em mim, habita o espírito legalista do farisaísmo.

Só o espírito de uma criança pode pressupor e indagar:

“Por que todo o porque tem um porquê?”

Os gregos desenharam os sábios de larga idade e de barba e cabelos brancos.

Os evangelhos me apresentaram um Jesus adolescente ensinando aos doutores do templo e, quando adulto, exaltando as crianças em detrimento a estagnação espiritual dos adultos.

Quando leio os evangelhos não vejo o Cristo velho, de barba e autoritário que me apresentam.

Vejo o Cristo de doze anos, promovendo um nó na cabeça dos grandes sábios de sua época.

Com Cristo aprendi a buscar a sabedoria simples nos lugares certos, do jeito mais simples que pode existir.

Ela está entre as crianças.

Os pequeninos de todo o tipo carregam em si o que há de mais belo no homem: a dúvida.

Você dificilmente vê uma criança falando: eu vou te ensinar sobre isso.

As crianças querem aprender e compartilhar o que aprenderam, ou as histórias que criam.

Com razão, sai da boca delas o perfeito louvor.

Vamos agora ler e ouvir apenas crianças? Claro que não.

Vamos nos tronar como elas, e julgar menos as aparências, depositando a nossa observação e curiosidade, intrínseca á todo ser humano, sobre todos, sem a mania de pré conceituar que a sociedade nos oferece ao longo dos séculos.

O que torna um homem mais velho sábio é a sua capacidade ver sabedoria nos mais jovens.

Se ele for velho e não tiver essa capacidade, será apenas velho, e não sábio.

Eu avisei: bem vindo ao constrangimento.

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