Ser Pensante

Ser Pensante
"Todo homem honesto deveria tornar-se filósofo, sem se vangloriar em sê-lo." Voltairé

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Pensamentos de um Ser Pensante como você.



              Pensamentos de longa data, que só resolveram apresentar-se à mim novamente nesta data querida:


"Qual o limite entre a fé e o fundamentalismo? O que define uma vida ética? O que define uma vida religiosa? A fé (ou o que chamam de vida religiosa, ainda que meu conceito de religião consista em que a mesma e a fé podem ser coisas distintas) consiste em uma superação da vida ética?





Em dias de grande caos ideológico, deparo-me angustiado com inúmeras reflexões que podem contribuir ou não para tantos outros que, assim como eu, deparam-se com inúmeras incertezas frente às suas crenças, bases e concepções do que vem a ser certo ou errado, moral ou imoral e ético ou anti-ético.





Pergunto-me se ser fundamentalista consiste unicamente em discordar do modo como pensa a maior parte, ou até mesmo ser o único a pensar de tal forma. Pelo que tenho observado de muitos, parece-me que um bom tanto de pessoas pensam desta maneira.





Ora, se grande parte da sociedade pensa ser altamente justificável e racional um relacionamento casual por exemplo, torna-se fundamentalista aquele que, de maneira "irracional" ou pelo menos de maneira não pautada nas justificativas mais comuns a todos, pensa de maneira diferente. Tão logo, vale-se do mesmo raciocínio para o contrario disto.





O que indago aqui é se nossas bases frente ao que vem a ser o mais ético e o fundamentalista estão firmadas em solos resistentes e coesos. Não busco por essas linhas esclarecer esta questão. Muito pelo contrário. Busco pelas mesmas incomodá-los a uma reflexão que resulte em um possível debate entre os que argumentam frente a tal problema. Convido-vos à angústia do questionamento do que é agir eticamente e se é possível agir de maneira acima do ético.


Pelo "quase nada" que li de Kierkergaard, parece-me ser justificável que a fé pode ser a superação da ética. Peço aos "amadores" e aos especialistas no assunto que me ajudem a solucionar tais questões. Grato aos que desde já participam de algum modo deste vão pensamento, ainda que somente lendo. Ainda mais grato pela paciência dos que tentam compreender-me."


domingo, 24 de junho de 2012

Cristãos: Uma espécie em extinção (Parte 3)


Cá estou mais uma vez. Creio que não precisarei me desculpar mais pela falta de comprometimento para com o tempo de espera que apresento a vocês, juntamente com cada texto que apresento. Se vos apresento um texto hoje, já sabem que o próximo tardará por vir. Infelizmente, nem só de textos vive um blogueiro. Alguns afortunados até vivem.

Ironias e desculpas a parte, gostaria de dar continuidade a série “Cristãos: uma espécie em extinção”, cuja última vez que escrevi deixei por continuar com a temática da apresentação de João Crisóstomo e a continuidade da reflexão proposta por Tolstoi frente o papel da igreja na conscientização da sociedade ao longo dos tempos no que diz respeito a resistência ao mal. Pois bem, demos continuidade então.

Tolstoi não cita João Crisostomo em vão. O hoje considerado santo e grande homem nos primórdios da igreja institucionalizada, talvez seja o principal responsável pela inserção da arte da oratória nas reuniões entre os cristãos. A temática é abordada de maneira complexa por Frank Viola na obra tão pouco trabalhada nas faculdades e cursos de teologia pelos bonzos do cristianismo contemporâneo de maneira complexa e de extrema relevância para aqueles que almejam compreender os primórdios da religião cristã. Vale ressaltar que Viola trata o costume do sermão como “A vaca sagrada do protestantismo”, observando desde o início o papel relevante que tomou a arte da oratória após o advento da Reforma no século XVI.

João Crisóstomo tornou-se conhecido em seus dias por ter uma admirável habilidade para discursar em público. Não é à toa que pessoas se exprimiam para ouvi-lo e contemplar seus sermões em nome da fé. Crisóstomo teve grande influência dos considerados “primeiros advogados do mundo”: os sofistas. Esta vertente filosófica nasceu na Grécia e começou a crescer muito na Europa aproximadamente 500 a.C. , pregando o alcance da virtude por meio das argumentações presentes em seus longos discursos. Crisóstomo, segundo afirma Viola, foi aluno de um dos maiores sofistas de seu tempo, o famoso Libanius.

Com forte influencia da escola sofista e também da literatura pagã (ou romana), Crisóstomo passou a ter muito mais espaço para dar seus sermões ao público dito cristão, sendo muitas vezes interrompido pelos aplausos da multidão, que admirava a habilidade que o mesmo tinha para proferir poesias, visando impressionar a plateia. O poder da retórica grega era tão influente sobre as pessoas, que certa vez, mesmo com Crisóstomo condenando os aplausos na “casa de Deus”, o povo aplaudiu o seu sermão ao término deste.

Bom, o que tudo isso tem a ver com os dias de hoje? Na verdade, para responder à esta pergunta é preciso conhecer um pouco mais sobre os costumes da igreja institucional contemporânea e a supervalorização que os mesmos dão à arte do falar em público. Em muitos cursos teológicos 9senão em todos) a disciplina conhecida como homilética tende a enfatizar a importância da arte da oratória, deixando de lado a importância devida à participação do todo nas reuniões entre os membros da ekklesia[1].

Gostaria de continuar esta reflexão por meio destes fatos históricos mais adiante.

Paz, sabedoria e inconformismo de espírito e mente a todos!



[1]  Assembléia; palavra que vem do grego e que deu origem ao termo Igreja.

Uma espécie em extinção: os cristãos. (Parte 2)


Dando continuidade ao texto anterior, onde introduzi o tema a ser tratado nas próximas postagens destacando algumas palavras de Liev Tolstoi, o nada famoso (infelizmente) escritor russo, proponho a vocês leitores que, juntos, continuemos a observar as palavras de Tolstoi e sua leitura frente ao que vieram a oficializar como “cristianismo”, mas que em nada se assemelha às ações efetuadas pelo simples e humilde Cristo que dizem as atuais e históricas vertentes cristãs basearem a sua pregação.

Um dos pontos evidenciados por Tolstoi em sua obra O Reino de Deus está em vós  que gostaria de trabalhar, esta presente no capítulo 2 da mesma, que leva o título de Opiniões dos fiéis e dos livres pensadores sobre a não resistência ao mal por meio da violência. Este ponto trata de um problema não muito novo, muito menos incomum, tanto entre os seguidores de Cristo como entre os livres pensadores do cotidiano e das relações humanas. O problema tratado aqui por Tolstoi é o da justificativa do uso da violência por conta de uma possível “extinção dos bons”. E, para tratar dessa questão, Tolstoi cita um homem por demais influente no que diz respeito à formação do cristianismo como conhecemos hoje. O apelidado “boca dourada” (e veremos mais adiante o porque deste título): João Crisóstomo.

Vejamos a seguinte fala de Tolstoi, onde ele aponta tal justificativa como a segunda entre as cinco mais usadas pelos cristãos ao longo da história para fazerem uso da violência:



“O segundo meio — um pouco menos grosseiro — consiste em reconhecer que o Cristo ensinava, é verdade, a dar a face e o manto, e que esta é, realmente, uma elevada moral..., mas... uma vez que, sobre a terra, existe um grande número de malfeitores, é preciso mantê-los pela força, para que não se veja perecerem os bons e até mesmo o mundo inteiro. Encontrei pela primeira vez este argumento em São João Crisóstomo e demonstro sua falsidade em meu livro A minha religião.

Este argumento não tem valor porque, se nos permitimos declarar, não importa quem, um malfeitor fora-da-lei, destruímos toda a doutrina cristã segundo a qual somos todos iguais e irmãos, na qualidade de filhos de um só Pai Celeste. E mais, ainda que Deus houvesse permitido a violência contra os malfeitores, sendo impossível determinar de modo absolutamente certo a distinção entre o malfeitor e aquele que não é, aconteceria que os homens e a sociedade se considerariam mutuamente malfeitores: coisa que hoje existe. Enfim, supondo que fosse possível distinguir com segurança um malfeitor daquele que não é, não se poderia encarcerá-lo, torturá-lo e condená-lo à morte numa sociedade cristã, porque não haveria nela ninguém para cometer tais atos, sendo qualquer violência proibida ao cristão.”

Tolstoi, Liev. O reino de Deus está em vós. Best Bolso. Rio de Janeiro, 2011, p.41.



Ora, devo admitir que a elucidação de Tolstoi frente ao que o cristianismo contemporâneo prega é perfeita. Tal justificativa não é, e nem pode ser reconhecida como pautada nos preceitos e na prática de Cristo. Observamos ao longo dos relatos do Novo Testamento diversas passagens, além do chamado “Sermão do Monte” (que até o século XVI não tinha este título, mas isso é assunto pra outra oportunidade), em que Jesus condena seus próprios seguidores por pensarem ser a violência uma arma a ser utilizada em prol da justiça entre os homens. Vejamos o seguinte relato do livro de João:





“Tendo Jesus dito isto, saiu com os seus discípulos para além do ribeiro de Cedrom, onde havia um horto, no qual ele entrou e seus discípulos.



E Judas, que o traía, também conhecia aquele lugar, porque Jesus muitas vezes se ajuntava ali com os seus discípulos.

Tendo, pois, Judas recebido a corte e oficiais dos principais sacerdotes e fariseus, veio para ali com lanternas, e archotes e armas.

Sabendo, pois, Jesus todas as coisas que sobre ele haviam de vir, adiantou-se, e disse-lhes: A quem buscais?

Responderam-lhe: A Jesus Nazareno. Disse-lhes Jesus: Sou eu. E Judas, que o traía, estava com eles.

Quando, pois, lhes disse: Sou eu, recuaram, e caíram por terra.

Tornou-lhes, pois, a perguntar: A quem buscais? E eles disseram: A Jesus Nazareno.

Jesus respondeu: Já vos disse que sou eu; se, pois, me buscais a mim, deixai ir estes;

Para que se cumprisse a palavra que tinha dito: Dos que me deste nenhum deles perdi.

Então Simão Pedro, que tinha espada, desembainhou-a, e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. E o nome do servo era Malco.

Mas Jesus disse a Pedro: Põe a tua espada na bainha; não beberei eu o cálice que o Pai me deu?

Então a coorte, e o tribuno, e os servos dos judeus prenderam a Jesus e o maniataram.”



Texto extraído da Bíblia Sagrada versão João Ferreira de  Almeida corrigida e revisada fiel. Livro de João, cap 18, vers 1 – 12.



Preciso dizer que a apologia ao uso da violência feita por homens como “São” João Crisóstomo contradizem as palavras e a prática de Cristo? Gostaria de propor a vocês leitores uma reflexão frente às diversas justificativas para o uso da violência, dentre elas a citada anteriormente por Tolstoi. Na próxima postagem tentarei abordar para uma melhor compreensão de todos os que acompanham esta narrativa, a figura de João Crisóstomo. Quem foi tal personagem e como o mesmo influenciou o atual cristianismo, seja ele católico apostólico romano ou protestante de qualquer vertente?

Desde já, ressalto minha gratidão a todos pela atenção que tem tido para com este espaço nos últimos dias. Um agradecimento em especial aos amigos Marcílio P. Mendes (mais conhecido como Júnior), Railton Guedes e Vento Suzano Farias Lima, que têm trabalhado para proporcionar à pessoas como eu, leituras que ajudem a compreendermos melhor as palavras de Cristo.

domingo, 17 de junho de 2012

Igreja: Organismo e não organização! Instituída e não instituição! Corpo vivo e não imobilização!!






- De que igreja o senhor é?-
 - Qual o nome de sua igreja?

    É bem provável que muitos de vocês leitores, cristãos principalmente, já tenham sido abordados, ou puderam presenciar alguém sendo indagado por tais questões,afim de que as respostas a estas tornassem evidente os principios de fé cristã ou a idéia sobre o tão usual e debatido termo "congregar" do individuo questionado.
    Eu, como muitos de vocês tem acompanhado, tenho caminhado em um constante aprendizado sobre o que de fato quer dizer o termo igreja. Este contínuo aprendizado tem sido sobremodo eficaz em muitos aspectos, dentre eles o de descobrir que tantas outras mentes tem passado pelo mesmo processo em todo mundo, contribuindo para uma prática cristã mais saudável a todos, cristãos e não-cristãos. Pessoas simples como eu e você que  sentiram-se despertadas a busca de uma forma de entendimento real, coerente e significativa do verdadeiro sentido da fé cristã: a busca incessante do amor máximo ao Criador sobre todas as coisas, e a manifestação desse amor também por meio do amor máximo aos seres criados por Ele. (Marcos 12: 28-34)
    De fato tenho aprendido que tais pessoas, levadas por um ardente desejo de crescimento e compreensão como dito anteriormente, mostraram-se "incomodadas" com alguns principios imutáveis e inquestionáveis da fé cristã que ao longo dos tempos acabaram sendo distorcidos, levando muitos a um falso entendimento do que de fato são estes principios e o que representam na prática cristã. Dentre estes principios, está o de IGREJA como veremos por conseguinte.
    
    Por senso comum, infelizmente tem-se usado a palavra 'igreja" para se fazer alusão a um edificio, uma organização religiosa mundial, dividida em regiões, distritos, campos, dioceses e etc. Estas definições confusas de igreja muitas vezes tem impedido que o significado original desta palavra aplicada ao Novo Testamento, chegue até a maioria das pessoas apresentadas a fé cristã.
    Partiremos então do seguinte principio: entender o real significado  de "igreja" na etimologia da palavra (sua origem) e pela Biblia, que é a base de toda fé cristã. Vejamos: Igreja não é um edificio construído por homens com blocos, areia, cimento, pedras e etc. É um 'edificio" construído por Deus com "pedras vivas".
   Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo. ( I Pedro 2:5)
Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus;
Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina;
No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor.
No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito.
(Efésios 2: 19-22)


     A palavra "igreja" tem origem da palavra grega "ekklesia", e a tradução desta siginifica de forma literal "chamado para fora". Ora, se isto  de fato  é verdade, se de fato a palavra "igreja" tem por significado 'chamado para fora". "para sair", logo não existe sentido que esta palavra seja aplicada a algo imóvel, concreto como um edificio ou uma organização. Logo, podemos entender que o sentido de igreja não pode estar ligado a templos feitos por mãos humanas (edificios e instituições), mais a um organismo vivo, complexo por seres vivos, que tem por necessidade fazer jus ao significado literal da palavra igreja e a sua etimologia.
    Observamos que ao invés de falar de uma organização a Bíblia descreve a igreja como um corpo composto por membros vivos. Vejamos:
Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma operação,
Assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros. (Romanos 12: 4-5)
    O fato é que eu, consciente do que é a fé cristã e do que de fato significa igreja, posso responder sem muitas dificudades as questões colocadas no inicio do texto. Estou ciente de que sou um dos organismos vivos, que junto com outros como eu formam esse emaranhado de diversos organismos,formando o conjunto  denominado como "Corpo de Cristo". De fato não posso ir á igreja, pois sou igreja juntamente com tantos outros. Busco fazer jus ao significado literal da palavra e "saio para fora".

    Quanto a indagação:
- Qual igreja é a sua? (he he )
Primeiramente acredito não ser dono de uma igreja. Para ser dono da Igreja, é preciso ter alguns requisitos básicos como ser O Filho Unigênito do Pai, morrer em uma cruz pelos pecados de todos os homens, ressucitar ao terceiro dia, e eu um simples ser humano, não apresento os requisitos básicos exigidos.

    Por fim, se acaso você se deparar com um dos 'indagadores do cotidiano" e ser questionado por ter se desligado de determinada instituição, com a tão usual pergunta:
-Você saiu da igreja?
E com a seguinte afirmação que geralmente é colocada logo em seguida:
- Volte para a igreja!!!!
- frente ao que foi apresentado de evidências de um entendimento firmado na Palavra de Deus, de alguém que sabe o que é o significado real de igreja. Deixe bem claro que se desligar de qualquer centro organizacional não implica em se desligar do Corpo de Cristo e finalize com o seguinte argumento:
        - Não se pode retornar para algo do qual nunca foi deixado!
                                                                                  
Paz e Sabedoria
Denis Portela (vulgo Ser Pensante)!!