Ser Pensante

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"Todo homem honesto deveria tornar-se filósofo, sem se vangloriar em sê-lo." Voltairé

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Lamentações de um Jeremias do séc XXI: E foi aí que eu fiquei louco




   A liturgia popular geralmente não se diferencia muito nas reuniões protestantes brasileiras. De maneira geral, um testemunho particular de quem está fazendo a oratória precede ou sucede o apelo público, afim de que alguma mão se estenda e de que um rosto apareça em prantos afim de que esta aceitação individual gere uma aceitação coletiva ao que foi proposto pelo pregador. Vou fazer uso da mesma metodologia frente a proposta anterior da aceitação da contra-cultura como profissão de fé, mas de maneira contrária a dos  dos propagandistas do presente século, sem esperar que muitas mãos se levantem comovidas pela minha voz, ou em prantos por conta da minha história. 


    O dia em que decidi que seria melhor deixar que dissessem que eu havia me tornado um louco, se comparado com  a ideia de estar mal acompanhado, foi um "dia de mil anos". Um dia que se construiu  de maneira própria e duradoura, no chamado longo prazo e, como sempre angustiante, mas de resultados eficazes. 


    Se a história da minha loucura começa com o protestantismo, ou com  isto que  presentearam com tal  alcunha, ao qual me apresentaram como único e suficiente meio de manifestação de fé e vida comunitária perante a aceitação da mensagem de Cristo, devo ter por consolo que não fui o único a comprar a mercadoria. Aliás, tenho também por consolo que não fui exatamente um comprador. Eu diria que fui um "beneficiado" pela livre e espontânea imposição. 

   Mas, nada que é imposto dura muito. O imposto é falso. O imposto é um impostor mascarado de verdade. De uma verdade que nunca foi verdade, pois não pode ser verdade algo que visa agradar a mentira. Não se assuste. Não falo do Cristo, mas falo do cristianismo, ou cristandade como queiram. O estudo da História me fez diferenciá-los. Diferenciar o Cristo de todo o resto. Mas, como diferenciar o Cristo de todo o resto, se tudo o que sabemos sobre o Cristo, veio por meio de todo o resto? Simples: respirando.

   A escolha por viver a minha vida foi o componente básico para que eu pudesse adoecer. Em mim foi instaurada a loucura de tentar vislumbrar uma vida segundo os moldes do Cristo a mim apresentado, sem precisar do Cristo que me foi apresentado. É a loucura que gera tais paradoxos. A loucura da contra cultura, que não se sustém por discursos, que não sacia a sua sede por retóricas, que não se contenta em dormir ao lado das doutrinas e acordar molhado junto delas na cama. 

    Quando a oportunidade de viver me foi dada, por meio da dúvida e da apresentação da contra-cultura, não exitei mais em abraça-la. Tudo porque o amor ali estava, e não mais o via, senão nos olhos dos que reivindicavam a sua humanidade em meio aos zumbis. Dos que resolveram negar a si mesmo e tomarem a cruz da liberdade, tão pesada para os que estão acostumados a carregar nos seus ombros a hipocrisia do Cristo que ouviram e aceitaram, e não do Cristo contracultural, do nazareno da liberdade. 

    Que me tomem por masoquista! Que me tragam a camisa de força! Mas, o fardo da liberdade é um fardo a ser carregado sem as mãos do corpo, mas com a virtude da alma, que só os seres pensantes e, por isso loucos, podem suportar. Suportar é o termo para os que tem tal coias como pesada. Para os que me entendem e aceitam o meu testemunho, o suportar já não faz sentido algum, pois a razão do nosso sorriso não pode ser tida como algo suportável, mas sim como algo adquirido com alegria e paz.
 

6 comentários:

  1. Mais um Ser Pensante... Mais um blogueiro rompendo com o monopólio midiático. Sim, enquanto estou aqui, lendo suas elucidações de qualidade, não estou dando audiência a nenhum outro canal televisivo. Um servo de Cristo e não da cristandade empoeirada em seus egoísmos. Apenas um Ser pensante...

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Descobrir que está adoecendo e se tornando um louco, faz com que os questionamentos já existentes se misturem com os novos, é angustiante de diversas formas se ver nesse papel, que ainda fica escondido para o resto do mundo, para quem se vê nessa descoberta recente. Não que precise anunciar aos quatro cantos do mundo, mas se achar nela, é aquilo que traz o tormento.

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  4. Quandovas questöes se misturam ao sentido nos dão a noção de matridade espiritual libertária, parabens mano

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