Ser Pensante

Ser Pensante
"Todo homem honesto deveria tornar-se filósofo, sem se vangloriar em sê-lo." Voltairé

terça-feira, 16 de julho de 2013

MANHÃ CINZENTA




     Sim, hoje é uma daquelas manhãs cinzentas, que eu me levanto sem saber o porque, manhãs a qual eu deveria ter riscado do meu calendário, manhãs que eu espero por um amor que você não é, por um amor que eu não sei quem é, um amor que nem eu mesmo sei ser, tentando ser alguém eu sou apenas mais um na multidão, mais um que segue o fluxo do rebanho que segue desorientado pelos pastos verdejantes desta vida. 

    De tanto ver prosperar o ódio daqueles que dizem fazer isso em nome do amor o homem chega a desanimar de existir, ao ver tanta segregação onde muitos chamam de congregação, ver almas espalhadas e vidas destroçadas onde muitos chamam de ajuntamento, assim é pelo chão desta nação, assim é até além do mar, onde o prazer se torna risco de morte, ser quem se é pode custar caro demais. Daí você observa o mal triunfar sobre o bem, o ódio sobre o amor, a emoção sobre a razão, o fútil sobre o coerente, o esquizofrênico sobre o lucido. 

    O carimbo da tragédia é quando você observa muitos na Igreja preocupados com a data em que o padre ou pastor irá celebrar seus casamentos, enquanto você se preocupa com a data em que ele vai celebrar seu funeral. Se eu morrer antes dos 30 ou 40, não julguem ser este um castigo eterno ou que pago por algum pecado grave e oculto, mas entendam como uma resposta de Deus a minha oração, pois vejo a solução desse mundo injusto e segregador algo tão distante.  Mas se Nosso Senhor quiser e permitir que viva eu por 60, 70, 80, 90 anos ou mais, cumprirei minha tarefa e missão até Ele me recolher, caminhando em direção desta utopia, que mesmo nas manhãs mais cinzentas me encoraja a não desistir de chegar ao horizonte e tocar ao céu, não pra me gloriar, mas pra levar comigo todos aqueles que entendem que o sentido da vida é viver, pois viver com amor faz a valer muito mais, viver acreditando no amor, mesmo que não o sinta.

por Rafael Muniz (escritor e filósofo contemporâneo)

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