Multiplicando e dividindo o pão

Socialismo, Comunismo, o Cristo e os eleitores cristãos.

Me espanta ver tanta gente inteligente (ou ao menos com a formação acadêmica para ser considerada como tal, perante uma sociedade que rejeita o que chamam, de maneira ignóbil, "senso comum"), cair nessa ladainha de que todo esquerdista, todo cara a favor do Estado laico, todo cara a favor dos LGBT e seus direitos, ou todo cara contra a ascensão de Marina Silva, seja petista. Chega a ser patético.

No mais...

Desde já, ressalto aqui o prazer de ainda haverem divergências ao socialismo como a de muitos, que se propõem a dialogar sem ofender ou debochar de quem pensa diferente, colocando-se de maneira sempre respeitosa.

Começo com a seguinte provocação baseada na última entrevista de Luciana Genro, candidata a presidência da República Federativa do Brasil ao programa The Noite, do apresentador Danilo Gentili no SBT. Lembrando que Danilo promove hangout´s no Youtube com Lobão e Olavo de Carvalho, onde massacram o comunismo/socialismo e dizem que este sistema está sendo implementado no Brasil e irá destruí-lo.
Pessoas como Danilo Gentili e Olavo de Carvalho querem discutir socialismo, Marx o e comunismo com base em experiências falaciosas que se denominam comunismo, como a China e a Coréia do Norte.
Proponho aos senhores da direita, discípulos de Olavo de Carvalho, que tanto defendem os valores da ."família cristã", discutirem os ensinos do Cristo com base nos cristãos.



Com base no que vemos dos cristãos, faz algum sentido o que Cristo pregou? Por que eu deveria acreditar no que ele propõe se boa parte das suas propostas colocadas em prática, fracassaram?

Tenho grande simpatia pelo que faziam os primeiros seguidores do Cristo e os demais que restaram e foram perseguidos após a apropriação da fé no Cristo pelo império Romano para perpetuar a expansão e domínio do mesmo, a chamada "Igreja Marginal", onde os que participavam desta vendiam as suas propriedades, nada tinham para si e tudo fazia parte daquele todo e era depositado aos pés dos apóstolos para que os mesmos dividissem "cada qual às suas necessidades". Nesse sentido, creio que os teóricos do socialismo foram os que melhor entenderam a prática comunista (sim, é isso mesmo) da igreja, mas por não crerem ou dispensaram o Cristo como Deus, desprezaram também o restante da moral do mesmo, que inclui o pacifismo, que muitos capitalistas dizem defender..

Exatamente por isto, não sou marxista, sou cristão, pois vislumbro um comunismo que não necessite pegar em armas. Esse é o Reino Dele que virá.

Muitos dizem que por Cristo ter afirmado que o "Reino não seria deste mundo", o ideal de socialismo não é válido senão no céu. Não é esta ideia que quero transmitir, e nesse ponto concordo com os marxistas quando criticam os cristãos por esperarem algo de bom apenas fora deste mundo. Devemos trabalhara para que o Reino chegue e acreditar que ele chegará. Sou obrigado a concordar com as "Testemunhas de Jeová" por exemplo e a leitura que fazem do livro de Apocalipse que, ao meu ver, deixa evidente que o "ideal" deve ser construído aqui entre nós.

Agora, dou continuidade a pergunta que fez Luciana a Danilo. E o capitalismo? Conseguiu implementar uma sociedade justa, igualitária e pacífica? Como ele lida com os que se opõem a ele? O que ele faz para se perpetuar? Do que é capaz para isso?

Talvez os representantes e defensores deste sistema no Brasil possam me responder, respondendo assim a Luciana e a perguntas como esta:

http://www.youtube.com/watch?v=_ItvWQNVpF4

Bom, eu posso tentar responder a pergunta com imagens. Não da década de 50, 60, 70 ou 80, como fazem os críticos do socialismo, mas com imagens do dia 16 do presente mês.

https://www.youtube.com/watch?v=jTVYt-msjA8

Concluo que os cristãos da igreja primitiva vendiam as suas propriedades e tinham tudo em comum, pois repartiam tudo entre todos. Os cristãos contemporâneos, filhos da mãe Roma e do Pai Lutero, matam e torturam quem queira tomar ou se apropriar de um pedaço de terra que ele dizem ser donos. Terra que o mesmo deus que dizem seguir criou para que todos pudessem ter onde viver e o que comer.

O capitalismo multiplicou mas não dividiu.

Cristo multiplicou, multiplica, divide e com isto ensina.

Mais uma vez,

Paz e Sabedoria.

Papelório

O filósofo e o poeta

Se puseram a falar sobre a vida

Concluiu o filósofo que cultuava a poesia

E percebeu o poeta que versava a filosofia

Ambos dançavam sobre a vida

Cada qual a seu ritmo

Com seus passos

E seus tropeços

Ambos entrelaçados

Cada qual num endereço

Perceberam as crianças

Resolveram escrever

Usar o papel, as palavras e as andanças

Fizeram delas um avião

E deduziram as mentes sábias

Que de nada serve o papel

A não ser para dar asas

Às palavras

Às andanças

E às crianças

De todos, para todos

É a poesia libertadora

Avassaladora frente a opressão do não ser

Armamento pesado para os que odeiam a guerra

Flores de um paraíso não visto

O ouro de ruas jamais pisadas e prometidas

Trono do rei que é plebeu

É a poesia

Que te liberta do problemático seu

E te aprisiona no enigmático nosso

De todos

Para todos

Tal Chico e tantos outros