Em mais uma manhã agitada,
com trânsito intenso na cidade de São Paulo por conta da chuva, eis que estava
em sua loja, Martinho e seu filho. O pai, como sempre, ocupava-se em não se
distrair com o serviço, dando vazão para assuntos tratados por terceiros
raramente, mais comumente quando se tratava de futebol. Vincent como sempre,
ocupava-se do trabalho, mas com sua mente sempre distante. Continuava
preocupado com a sua preocupação com o amanhã condenada pelas palavras de Cristo,
segundo o pastor Alberto. Vincent ansiava pela passagem do pastor, como de
costume.
Alberto sempre costumava
passar tranquilo. Trabalhava em uma editora não muito longe de sua casa.
Dificilmente ia de carro. A editora estava começando, pegando no tranco, ainda
não tinham condições de ter um grande prédio em uma região mais central da
cidade, onde a visibilidade seria maior. Por isto e para economizar, Alberto
preferia ir andando ao trabalho. Em dias de chuva como aquele, era grato a Deus
por ter de realizar sua labuta diária não muito distante de sua moradia. Mas,
havia um problema com o fato morar tão próximo a editora, e este problema
costumava sinalizar ainda mais em dias de chuva, quando Alberto sempre sentia
um pouco mais de sono e continuava na cama, mesmo após o celular avisá-lo que
já se passara meia hora do horário que comumente se levantava para se dirigir à
editora.
Vincent aguardava
ansiosamente naquela segunda feira a passagem do pastor por ali, mas não
entendia o que de fato estava acontecendo. Já se passara uma hora do horário
que o pastor habitualmente passava por ali dando seu bom dia, fazendo algum
breve comentário sobre a rodada futebolística do dia anterior e da próxima
quarta-feira, perguntado a Martinho qual sua opinião sobre. Vincent criou então
mais uma expectativa frente o último sermão do pastor que tanto lhe intrigou.
— Teria o pastor Alberto
seguido ao pé da letra as palavras de Cristo, deixando-se de preocupar-se com o
amanhã e abandonado o trabalho na editora, unicamente para consolidar sua
pregação com suas ações, preocupando-se com seu bom testemunho perante tantos
que o assistiam, entre os quais eu? Ah,
acredito que não. Acredito que eu não tenha entendido exatamente o que quis
dizer o pastor sobre o fato de ter Cristo reprovado a sua preocupação com o
amanhã. Deve ser desnecessária a literalidade de tais palavras ao seu pensar em
uma prática das mesmas — pensava consigo o garoto.
Passados alguns minutos, eis
que surge o pastor Alberto. Iria passar despercebido. Estava atrasado e não
tinha a intenção de cumprimentar os chaveiros. Mesmo sabendo que não costumavam
encetar nenhum assunto, preferiu não correr riscos. Mal sabia Alberto o que lhe
aguardava. Seriam tanto ele como Vincent e Martinho, surpreendidos naquela
manhã chuvosa. Antes que o pastor pudesse passar desapercebido, apesar de andar
de maneira rápida e silenciosa, preocupando-se em desviar-se das poças e
colocando o guarda-chuva por sobre o rosto para evitar qualquer reconhecimento
por parte dos chaveiros, Vincent já havia o reconhecido só pelo jeito de
caminhar. Como disse anteriormente, o nobre chaveiro não estava lá muito atento
para com o trabalho. Naquela manhã, para azar do pastor que já estava atrasado
demais e preocupado para com a desculpa que daria ao seu patrão e subordinados
frente o seu atraso, o pastor Alberto haveria de ter algumas preocupações a
mais. Logo surgiu o bom dia de Vincent, e a iniciativa de um bom dia
acompanhado do “poderia falar um momento com o senhor?”, iriam fazer toda a
diferença no percurso da vida destes três homens.
Gosto do teu tema: a vida cotidiana e as indagações filosóficas e teológicas da pessoa comum. Está bem estruturado o texto e os parágrafos estão equilibrados e bonitos. Quando vc tiver um tempo (sei que nós escrevemos correndo, sem tempo para melhorar o texto) dê uma olhada em alguns pontos nos quais falta uma vírgula, ou um ponto e vírgula, ou vc deveria transformar uma frase em duas. Procure frases curtas para os lugares onde elas estão muito longas. Muito bom o teu trabalho. Continue.
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