Quem és tu para que me
confundas a alma?
E quem sou eu
Para que me julgue distante da paz de
espírito?
Bem sei, e como sei
Que não basta só ter a
barriga cheia
Para que a alma esteja nutrida
E que também não é possível
passar pela glória sem a ruína
De toda sorte, sei que minha
tristeza é menor que a de muitos
Isso há muitos consola
Mas a mim penaliza
Não se pode estar farto se
outro está fraco
E não se vê força alguma
Em braços que se cruzam
perante a dor de um semelhante
Diferença? Nunca existiu
Se existe, é porque nós a tecemos
todos os dias
Nós a criamos indiferentes à
ela
Não há sentido na dor, se
ela for solitária
Só há sentido na dor, se ela
corrói pelo outro
Se ela corrói pelo todo
E quando a minha dor for
solitária
Quero saber que no outro ela
existe
Convido-me a sofrer com ele
E nos curarmos sozinhos da
diferença
Que a nossa indiferença criou
Ao ter a minha memória
refrescada
Ao ver os males dos homens
Prometo não mais ver justiça
No meu tolo choro
Só posso concordar que
Tudo é vaidade
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