Certa vez um louco, que hoje não tenho mais contato e que nem lembro o nome, desses que acabo por conhecer nas redes sociais, afirmou-me in box, que era um bom estudante de budismo. Disse ser um leitor assíduo das minhas postagens e que eu era um despertado. Tomei isto como um elogio e como um sinal de que carrego uma grande responsabilidade. Pois bem, este é o prêmio aos que ousam despertar mais cedo: tirar os outros da cama. Tarefa árdua, que requer cuidado. Despertar na maioria das vezes requer barulho. Em algumas, requer um toque. Em outras, basta um sussurro. É preciso que o desperto esteja sensível para o momento oportuno e para qual método usar.
Pois bem, agora desperto e sabendo que existem outros, o que fazer? Lamentações parece-me uma boa opção. Lamentar-se é algo comumente tomado como tolo, sempre com o pretexto dos acomodados e dos que desistiram de lutar pela paz, de ver se o ouvinte das suas lamentações deixa de lamentar. Mas não podemos nos enganar. Há de se distinguir por meio da observação que existem lamentações e lamentações. A decisão da permanência em amotinar dúvidas e soluções é pessoal, requer coragem e sensibilidade. Coragem e sensibilidade exatamente por entender que esse anseio é de extrema pessoalidade e, portanto, de cunho subjetivo, relativizado pela construção do indivíduo e sua relação com o mundo que o cerca.
A ponderação no escândalo às vezes se faz necessária, mas em excesso pode levar ao mal costume da omissão. O costume da omissão pode levar a um mal talvez ainda pior que o fato de calar-se frente os problemas postos como estão, que seria a crítica gratuita e injusta à quem o faz.
Eu estou em paz comigo em alguns aspectos. Sempre estive. Mas, não em todos. Isso traz a acomodação, irmã siamesa da omissão. A paz em excesso com a consciência no sentido de "tudo está feito", quando alcançada, torna-se perigosa. Mas a paz do "tenho feito o que posso" dá força para se fazer mais e até poder mais, levando-se em conta neste "poder mais" o incentivo aos similares.
Mas, de que lamentações e de que mudança falo afinal de contas? Onde quero chegar? Onde os que estão comigo querem ir? O que pretendemos? As respostas não são difíceis e tudo começa pelo famoso dito de Cristo: " Toda a lei se resume nisto: amarás ao teu Deus sobre todas as coisas, e ao teu próximo como a ti mesmo." Acho que este é um denominador comum entre os que me leem, me compreendem e que tenho como os que lutam a minha luta.
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